terça-feira, 29 de abril de 2008

FELICIDADE REALISTA

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vuitton e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo.
Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Por que só podemos ser felizes formando um par e não como ímpares? Ter um parceiro constante não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo às espectativas da sociedade, mas isso é outro assunto.
Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais,

feliz com três maridos, feliz sem nenhum.
Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para sentir-se seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar.
É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente.
A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade.
Se a meta está alta demais, reduza-a.
Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo.
(Martha Medeiros, publicada no livro Montanha Russa - este texto circula nos e-mails como se fosse de Mário Quintana)

domingo, 27 de abril de 2008

Carpe Diem – Aproveita o dia

Uns com os olhos postos no passado
vêem o que não vêem,
outros, fitos os mesmos olhos no futuro,
vêem o que não pode ver-se
Por que tão longe ir por o que está perto
A segurança nossa? Este é o dia,
esta é a hora, este é o momento,
isto é quem somos, e é tudo
Perene flui a interminável hora
que nos confessa nulos.
No mesmo hausto em que vivemos, morremos.
Colhe o dia porque és ele.

(Fernando Pessoa)




* * *
Carpe Diem  
Aí um dia você toma um avião para Paris, a lazer ou a trabalho, em um vôo da Air France, em que a comida e a bebida têm a obrigação de oferecer a melhor experiência gastronômica de bordo do mundo, e o avião mergulha para a morte no meio do Oceano Atlântico. Sem que você perceba, ou possa fazer qualquer coisa a respeito, sua vida acabou. Numa bola de fogo ou nos 4 000 metros de água congelante abaixo de você naquele mar sem fim. Você que tinha acabado de conseguir dormir na poltrona ou de colocar os fones de ouvido para assistir ao primeiro filme da noite ou de saborear uma segunda taça de vinho tinto com o cobertorzinho do avião sobre os joelhos. Talvez você tenha tido tempo de ter a consciência do fim, de que tudo terminava ali. Talvez você nem tenha tido a chance de se dar conta disso. Fim.  
 
Tudo que ia pela sua cabeça desaparece do mundo sem deixar vestígios. Como se jamais tivesse existido. Seus planos de trocar de emprego ou de expandir os negócios. Seu amor imenso pelos filhos e sua tremenda incapacidade de expressar esse amor. Seu medo da velhice, suas preocupações em relação à aposentadoria. Sua insegurança em relação ao seu real talento, às chances de sobrevivência de suas competências nesse mundo que troca de regras a cada seis meses. Seu receio de que sua mulher, de cuja afeição você depende mais do que imagina, um dia lhe deixe. Ou pior: que permaneça com você infeliz, tendo deixado de amá-lo. Seus sonhos de trocar de casa, sua torcida para que seu time faça uma boa temporada, o tesão que você sente pela ascensorista com ar triste. Suas noites de insônia, essa sinusite que você está desenvolvendo, suas saudades do cigarro. Os planos de voltar à academia, a grande contabilidade (nem sempre com saldo positivo) dos amores e dos ódios que você angariou e destilou pela vida, as dezenas de pequenos problemas cotidianos que você tinha anotado na agenda para resolver assim que tivesse tempo. Bastou um segundo para que tudo isso fosse desligado. Para que todo esse universo pessoal que tantas vezes lhe pesou toneladas tenha se apagado. Como uma lâmpada que acaba e não volta a acender mais. Fim.
 
Então, aproveite bem o seu dia. Extraia dele todos os bons sentimentos possíveis. Não deixe nada para depois. Diga o que tem para dizer. Demonstre. Seja você mesmo. Não guarde lixo dentro de casa. Não cultive amarguras e sofrimentos. Prefira o sorriso. Dê risada de tudo, de si mesmo. Não adie alegrias nem contentamentos nem sabores bons. Seja feliz. Hoje. Amanhã é uma ilusão. Ontem é uma lembrança. No fundo, só existe o hoje.  
 


* * * Carpe Diem – Aproveita o dia

"aproveita o dia", tornou-se um convite estimulante e de tão forte apelo que você é capaz de ficar um tanto desapontado com o original de Horácio.
O poeta aconselha seu amigo, não a ir à luta e conquistar o mundo, mas sim a voltar ao trabalho de sempre.

Ninguém sabe o que os deuses lhe reservam, assegura Horácio; então, a melhor coisa é parar de sonhar com o futuro, admitir que a vida é curta, e colher os frutos de hoje.

domingo, 20 de abril de 2008

S I G N I F I C A D O S

Abandono - quando a jangada parte e você fica.

Adeus - O tipo de tchau mais triste que existe.

Adolescente - Toda criatura que tem fogos de artifício dentro dela.

Agonia - é quando o maestro de você se perde completamente.

Ainda - é quando a vontade está no meio do caminho.

Alegria – um bloco de carnval que nem liga se não é fevereiro.

Amigos - são anjos que nos levantam quando nossas asas estão machucadas.

Amizade - é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.

Angústia - é um nó muito apertado,bem no meio do sossego.

Ansiedade - é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.

Artista - Espécie de gente que nunca vai deixar de ser criança.

Ausência - Uma falta que fica ali presente.

Beijo - é um procedimento inteligentemente desenvolvido para a interrupção mútua da fala quando as palavras tornam-se desnecessárias.

Culpa
- é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas geralmente, não podia.

Certeza - é quando a idéia cansa de procurar e pára.

Decepção - é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.

Desatino - é um desataque de prudência.

Desculpa - é uma palavra que pretende ser um beijo.

Desejo - é uma boca com sede.

Desilusão
- é quando anoitece em você, contra a vontade do dia.

Emoção - é um tango que ainda não foi feito.

Excitação
- é quando os beijos estão desatinados pra sair da sua boca depressa.

Felicidade - é um agora que não tem pressa nenhuma.

Filho - Um serzinho adorável e todo seu , que um dia cresce e passa a ser todo dele.

Fotografia - Um pedaço de papel que guarda um pedaço de vida nele.

Gelo - Aquilo que a gente sente na espinha quando o amor diz que vai embora.

Indecisão - é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa.

Indiferença - é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.

Intuição - é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.

Interesse - é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

Lealdade
- Qualidade de cachorro que nem todas as pessoas tem.

Lágrima - Sumo que sai dos olhos quando se espreme o coração.

Lembrança - é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.

Lucidez - é um acesso de loucura ao contrário.

Muito - é quando os dedos da mão não são suficientes.

Ousadia
- Quando o coração diz pra coragem: vá! E a coragem vai mesmo.

Paixão - é quando apesar da palavra “perigo”, o desejo chega e entra.

Preocupação
- é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.

Pressentimento - é quando passa em você um trailer de um filme que pode ser que nem exista.

Prudência - é um buraco de fechadura na porta do tempo.

Perdão
- é quando o Natal acontece em Maio, por exemplo.

Raiva - é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes

Razão - é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e
assume o mandato.

Renúncia
- é um não que não queria ser.

Saudade - é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.

Sentimento - é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado

Sorte
- é quando a competência encontra com a oportunidade.

Sorriso - é a manifestação dos lábios quando os olhos encontram o que o coração procura.


Status - é comprar coisas que você não quer com o dinheiro que você não tem a fim de mostrar para gente que você não gosta, uma pessoa que você não é.

Sucesso - é quando você faz o que sempre fez, só que todo mundo percebe.

Tristeza - é uma mão gigante que aperta seu coração.

Vaidade - é ter um espelho onisciente, onipotente e onipresente.

Vergonha
- é um pano preto que você quer para se cobrir naquela hora.

Vontade
- é um desejo que cisma que você é a casa dele.

Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.


Não. Amor é um exagero... também não.
É um cuidar de... Uma batelada de carinho?
Um exame, um dilúvio, um mundaréu, a insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?
Talvez, senão tivesse sentido.... Talvez porque não houvesse explicação, esse negócio de amor não sei definir.

(Mário Prata) - Tenho dúvidas acerca da autoria pois cada vez que este texto aparece nos emails surgem novas palavras.

n n n DEFICIÊNCIAS

Já andei por tantos caminhos e já vivi tantas coisas, que hoje vejo que o preconceito e discriminação estão em cada um de nós, e cabe a nós quebrá-los para que possamos viver numa sociedade mais justa e humana.Hoje posso afirmar que:
"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E "Miserável" somos todos que não conseguimos falar com Deus.
(Renata Vilela)

Recebido por email de Vane.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O HOMEM E A MULHER


O homem é a mais elevada das criaturas,
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono,
Para a mulher, um altar.
O trono exalta,
O altar santifica.
O homem é o cérebro;
a mulher, o coração.

O cérebro fabrica a luz,
O coração produz o amor.
A luz fecunda,
o amor ressuscita.
O homem é forte pela razão,
a mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence,
as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher é capaz de todos os martírios.
O heroísmo enobrece,
O martírio sublimiza.
O homem tem a supremacia,
a mulher, a preferência.

A supremacia significa a força,
a preferência representa o direito.

O homem é um gênio.
A mulher, um anjo.
O gênio é incomensurável.
O anjo é indefinível.
A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória tudo engrandece,
a virtude tudo diviniza.

O homem é um código,
a mulher, um evangelho.

O código corrige,
o evangelho aperfeiçoa.

O homem pensa,
a mulher sonha.

Pensar é ter no crânio uma larva,
Sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano,
a mulher é um lago.

O oceano tem a pérola que adorna,
o lago, a poesia que deslumbra.

O homem é a águia que voa,
a mulher, o rouxinol que canta.

Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.
O homem é um templo,
A mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos,
ante o sacrário nos ajoelhamos.

Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.
A mulher, onde começa o céu.

(Victor Hugo)

A Refletir

Algures na Índia. Uma fila de peças de artilharia em posição. Atado à boca de cada uma delas há um homem. No primeiro plano da fotografia um oficial britânico ergue a espada e vai dar ordem de fogo. Não dispomos de imagens do efeito dos disparos, mas até a mais obtusa das imaginações poderá "ver" cabeças e troncos dispersos pelo campo de tiro, restos sanguinolentos, vísceras, membros amputados. Os homens eram rebeldes. Algures em Angola. Dois soldados portugueses levantam pelos braços um negro que talvez não esteja morto, outro soldado empunha um machete e prepara-se para lhe separar a cabeça do corpo. Esta é a primeira fotografia. Na segunda, desta vez há uma segunda fotografia, a cabeça já foi cortada, está espetada num pau, e os soldados riem. O negro era um guerrilheiro.
Algures em Israel. Enquanto alguns soldados israelitas imobilizam um palestino, outro militar parte-lhe à martelada os ossos da mão direita. O palestino tinha atirado pedras.
Estados Unidos da América do Norte, cidade de Nova York. Dois aviões comerciais norte-americanos, sequestrados por terroristas relacionados com o integrismo islâmico, lançam-se contra as torres do World Trade Center e deitam-nas abaixo. Pelo mesmo processo um terceiro avião causa danos enormes no edifício do Pentágono, sede do poder bélico dos States. Os mortos, soterrados nos escombros, reduzidos a migalhas, volatilizados, contam-se por milhares.
As fotografias da Índia, de Angola e de Israel atiram-nos com o horror à cara, as vítimas são-nos mostradas no próprio instante da tortura, da agônica expectativa, da morte ignóbil. Em Nova York tudo pareceu irreal ao princípio, episódio repetido e sem novidade de mais uma catástrofe cinematográfica, realmente empolgante pelo grau de ilusão conseguido pelo engenheiro de efeitos especiais, mas limpo de estertores, de jorros de sangue, de carnes esmagadas, de ossos triturados, de merda. O horror, agachado como um animal imundo, esperou que saíssemos da estupefação para nos saltar à garganta. O horror disse pela primeira vez "aqui estou" quando aquelas pessoas saltaram para o vazio como se tivessem acabado de escolher uma morte que fosse sua. Agora o horror aparecerá a cada instante ao remover-se uma pedra, um pedaço de parede, uma chapa de alumínio retorcida, e será uma cabeça irreconhecível, um braço, uma perna, um abdômen desfeito, um tórax espalmado.
Mas até mesmo isto é repetitivo e monótono, de certo modo já conhecido pelas imagens que nos chegaram daquele Ruanda-de-um-milhão-de-mortos, daquele Vietnã cozido a napalme, daquelas execuções em estádios cheios de gente, daqueles linchamentos e espancamentos daqueles soldados iraquianos sepultados vivos debaixo de toneladas de areia, daquelas bombas atômicas que arrasaram e calcinaram Hiroshima e Nagasaki, daqueles crematórios nazistas a vomitar cinzas, daqueles caminhões a despejar cadáveres como se de lixo se tratasse.
De algo sempre haveremos de morrer, mas já se perdeu a conta aos seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a simples razão, é aquela que, desde o princípio dos tempos e das civilizações, tem mandado matar em nome de Deus. Já foi dito que as religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens, que, pelo contrário, foram e continuam a ser causa de sofrimentos inenarráveis, de morticínios, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana. Ao menos em sinal de respeito pela vida, deveríamos ter a coragem de proclamar em todas as circunstâncias esta verdade evidente e demonstrável, mas a maioria dos crentes de qualquer religião não só fingem ignorá-lo, como se levantam iracundos e intolerantes contra aqueles para quem Deus não é mais que um nome, nada mais que um nome, o nome que, por medo de morrer, lhe pusemos um dia e que viria a travar-nos o passo para uma humanização real. Em troca prometeram-nos paraísos e ameaçaram-nos com infernos, tão falsos uns como outros, insultos descarados a uma inteligência e a um sentido comum que tanto trabalho nos deram a criar.

Disse Nietzsche que tudo seria permitido se Deus não existisse, e eu respondo que precisamente por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o pior, principalmente o mais horrendo e cruel. Durante séculos a Inquisição foi, ela também, como hoje os talebanes, uma organização terrorista que se dedicou a interpretar perversamente textos sagrados que deveriam merecer o respeito de quem neles dizia crer, um monstruoso conúbio pactuado entre a religião e o Estado contra a liberdade de consciência e contra o mais humano dos direitos: o direito a dizer não, o direito à heresia, o direito a escolher outra coisa, que isso só a palavra heresia significa.E, contudo, Deus está inocente. Inocente como algo que não existe, que não existiu nem existirá nunca, inocente de haver criado um universo inteiro para colocar nele seres capazes de cometer os maiores crimes para logo virem justificar-se dizendo que são celebrações do seu poder e da sua glória, enquanto os mortos se vão acumulando, estes das torres gêmeas de Nova York, e todos os outros que, em nome de um Deus tornado assassino pela vontade e pela ação dos homens, cobriram e teimam em cobrir de terror e sangue as páginas da história. Os deuses, acho eu, só existem no cérebro humano, prosperam ou definham dentro do mesmo universo que os inventou, mas o "fator Deus", esse, está presente na vida como se efetivamente fosse o dono e o senhor dela. Não é um deus, mas o "fator Deus" o que se exibe nas notas de dólar e se mostra nos cartazes que pedem para a América (a dos Estados Unidos, não a outra...) a bênção divina. E foi o "fator Deus" em que o deus islâmico se transformou, que atirou contra as torres do World Trade Center os aviões da revolta contra os desprezos e da vingança contra as humilhações.

Dir-se-á que um deus andou a semear ventos e que outro deus responde agora com tempestades. É possível, é mesmo certo. Mas não foram eles, pobres deuses sem culpa, foi o "fator Deus", esse que é terrivelmente igual em todos os seres humanos onde quer que estejam e seja qual for a religião que professem, esse que tem intoxicado o pensamento e aberto as portas às intolerâncias mais sórdidas, esse que não respeita senão aquilo em que manda crer, esse que depois de presumir ter feito da besta um homem acabou por fazer do homem uma besta.Ao leitor crente (de qualquer crença...) que tenha conseguido suportar a repugnância que estas palavras provavelmente lhe inspiraram, não peço que se passe ao ateísmo de quem as escreveu. Simplesmente lhe rogo que compreenda, pelo sentimento de não poder ser pela razão, que, se há Deus, há só um Deus, e que, na sua relação com ele, o que menos importa é o nome que lhe ensinaram a dar. E que desconfie do "fator Deus". Não faltam ao espírito humano inimigos, mas esse é um dos mais pertinazes e corrosivos. Como ficou demonstrado e desgraçadamente continuará a demonstrar-se.
(José Saramago)
Recebido por email de Eduardo.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

ESTATUTO DO HOMEM

Fica decretado que agora vale a verdade,
que agora vale a vida,
e que de mãos dadas
trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
tem direito a converter-se
em manhãs de domingo.

Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Fica decretado que o homem
não precisará mais duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como vento confia no ar,
Como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.

Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Fica permitido a qualquer pessoa
a qualquer hora da vida, o uso do traje branco.

Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.
Tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.

Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará numa espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Fica proibido o uso da palavra liberdade
que será suprimida de todos os dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio
e a sua morada será sempre o coração do homem.

(Thiago de Melo)

terça-feira, 15 de abril de 2008

CREDO DA PAZ

Sou responsável pela guerra quando orgulhosamente uso a minha inteligência em detrimento de meus semelhantes.

Sou culpado da guerra quando desvirtuo as opiniões alheias que diferem das minhas

Sou culpado da guerra quando demonstro indiferença pelos direitos e bens de outrem

Sou culpado da guerra quando cobiço o que outro adquiriu honestamente

Sou culpado da guerra quando ajo de modo a manter a superioridade da minha posição,
privando os outros de sua oportunidade de progresso.

Sou culpado da guerra quando imagino que minha raça e eu próprio
devemos ser privilegiados em prejuízo de outrem

Sou culpado da guerra quando me concedo o direito de monopolizar os recursos da natureza

Sou culpado da guerra quando creio que os outros devem pensar e viver como eu o faço.

Sou culpado da guerra quando considero o sucesso na vida unicamente como o caminho para o poder, a força e a riqueza.

Sou culpado da guerra quando penso que para convencer,
vale mais a força que a razão.

Sou culpado da guerra se acredito que o Deus da minha concepção
é aquele que os outros devem aceitar

Sou culpado da guerra quando penso que o país onde nasce
o indivíduo deve ser necessariamente o lugar onde ele tem de viver

Sou responsável pela paz se direciono CORRETA e CONSTRUTIVAMENTE os poderes da minha mente.

Sou responsável pela paz se concedo ao meu semelhante o DIREITO PLENO de se expressar de acordo com seu próprio entendimento das verdades da vida.

Sou responsável pela paz se reconheço que os meus direitos cessam Quando se iniciam os direitos de outros, e aceito isso como um mínimo indispensável de disciplina

Sou responsável pela paz se faço uso dos poderes interiores para criar minhas próprias oportunidades

Sou responsável pela paz se consigo promover a evolução dos que me cercam, sem considerar ameaçada a minha posição, e entendo que esta é a minha MAIOR FONTE DE SUCESSO.

Sou responsável pela paz se compreendo que as Leis Divinas diferem das criadas pelo ser humano, e que nenhum DIREITO DIVINO ESPECIAL é concedido a alguém unicamente por seu berço

Sou responsável pela paz se reconheço que os recursos naturais devem servir indistintamente a todas as formas de vida, e que não me cabem direitos exclusivos sobre eles.

Sou responsável pela paz se compreendo que nada é mais livre do que o pensamento e que o pensamento construtivo transforma o Ser Humano, direcionando-o à sua verdadeira meta.

Sou responsável pela paz quando sinto que toda a felicidade depende do SIMPLES FATO DE EXISTIR... de estar de bem com a vida.

Sou responsável pela paz se percebo que todo ser humano pode vir a ser um grato amigo, quando convencido pela argumentação sincera

Sou responsável pela paz se considero que "a Alma de Deus adquire personalidade no Homem", e que este só pode conceber Deus a partir da sua própria percepção da Divindade

Sou responsável pela paz se reconheço a mim e ao meu semelhante como partes integrantes do universo e que a cada um cabe a busca do lugar onde melhor possa servir.


Se estou em paz, eu promovo a paz dos que me cercam. Por sua vez, eles promovem a paz daqueles que estão à sua volta e que também farão o mesmo. Então a paz começa em mim! E sem ela não pode haver a necessária transformação social.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

PRECES

Assopre o pensamento triste,
deixe escorrer a última lágrima, conte até vinte.
Abra então a janela,
aquela que dá para o vôo dos pardais,
procure a luz que pisca lá na frente (evite as sombras que ficaram lá pra trás ). Ao encontrá-la, coloque-a dentro do peito de tal jeito,
que possa ser notada do lado de fora;
acrescente agora uma pitada de poesia,
do tipo que passa por nós todos os dias e nem sequer consegue ser notada;
aumente o brilho, com toda intensidadede que um sorriso é capaz. A felicidade é o seu limite,e o paraíso é você mesmo quem faz. Não se esqueça disso jamais !!!
(Desconheço o Autor)

Recebido por email de Carmem.


n n n

  • Que a estrada se abra à sua frente,
  • Que o vento sopre levemente às suas costas,
  • Que o sol brilhe morno e suave em sua face,
  • Que a chuva caia de mansinho em seus campos....
  • E até que nos encontremos de novo,
  • Que os deuses lhe guardem na palma de suas mãos.

(Antiga Prece Irlandesa)


Recebido por email de Thais.

Oração


Não podemos, oh Deus, pedir-te simplesmente que acabes com a guerra, pois sabemos que fizeste o mundo de maneira que o homem pudesse encontrar seu próprio caminho para paz dentro de si e de seu vizinho.

Não podemos, oh Deus, pedir-te simplesmente que acabes com a inanição, pois já nos deste recursos suficientes para alimentar o mundo todo, se o utilizarmos com sabedoria.

Não podemos, oh Deus, pedir-te simplesmente que acabes com o preconceito, pois já nos deste olhos para vermos o bem em todos os homens, bastando usá-los corretamente.

Não podemos, oh Deus, pedir-te simplesmente que acabes com o desespero, pois já nos deste o poder de eliminar os cortiços e distribuir esperança, se formos capazes de usar nosso poder com justiça.

Não podemos, oh Deus, pedir-te simplesmente que acabes com a doença, pois já nos deste grandes inteligências para pesquisar e descobrir as causas, só nos faltando usa-las construtivamente.

Assim, em vez disso tudo, nós te pedimos, oh Deus, fortaleza, determinação e vontade para fazermos e não apenas orarmos, para sermos e não simplesmente desejarmos.
(Jack Riemer)