quarta-feira, 29 de junho de 2011

AS POSSIBILIDADES PERDIDAS

Definitivo, como tudo o que é simples, nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar. Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais. "

(Martha Medeiros)



"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida, está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-se do sofrimento, também perde a felicidade."

(Mary Cholmondeley)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

REFLEXÕES

Fui criada com princípios morais comuns. Quando criança, ladrões tinham a aparência de ladrões e nossa única preocupação em relação à segurança era a de que os "lanterninhas" dos cinemas nos expulsassem devido às batidas com os pés no chão quando uma determinada música era tocada no início dos filmes, nas matinês de domingo.

Mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades presumidas, dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos, e/ou mais velhos, mais afeto.


Inimaginável responder deseducadamente a policiais, mestres, aos mais idosos, autoridades. Tínhamos medo apenas do escuro, de sapos, de filmes de terror.

Confiávamos nos adultos porque todos eram pais e mães de todas as crianças da rua, do bairro, da cidade.

Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo que perdemos. Por tudo que meus netos um dia temerão. Pelo medo no olhar de crianças, jovens, velhos e adultos


Matar os pais, os avós, violentar crianças, seqüestrar, roubar, enganar, passar a perna, tudo virou banalidade de notícias policiais, esquecidas após o primeiro intervalo comercial.

Agentes de trânsito multando infratores são exploradores, funcionários de indústrias de multas. Policiais em blitz são abuso de autoridade. Regalias em presídios são matéria votada em reuniões. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos.

Não levar vantagem é ser otário. Pagar dívidas em dia é bancar o bobo, anistia para os caloteiros de plantão. Ladrões de terno e gravata, assassinos com cara de anjo, pedófilos de cabelos brancos. O que aconteceu conosco?

Professores surrados em salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Crianças morrendo de fome. Que valores são esses? Carros que valem mais que abraço, filhos querendo-os como brindes por passar de ano. Celulares nas mochilas dos recém saídos das fraldas. TV, DVD, vídeo-games...O que vai querer em troca desse abraço, meu filho?


Mais vale um Armani do que um diploma. Mais vale um telão do que um papo. Mais vale um baseado do que um sorvete. Mais valem dois vinténs do que um gosto.

Que lares são esses? Jovens ausentes, pais ausentes. Droga presente. E o presente? uma droga!O que é aquilo? Uma árvore, uma galinha, uma estrela, ou uma flor? Quando foi que tudo sumiu ou virou ridículo?


Quando foi que esqueci o nome do meu vizinho? Quando foi que olhei nos olhos de quem me pede roupa, comida, calçado sem sentir medo? Quando foi que me fechei?

Quero de volta a minha dignidade, a minha paz.

Quero de volta a lei e a ordem.

Quero liberdade com segurança!

Quero tirar as grades da minha janela para tocar as flores!

Quero sentar na calçada e ter a porta aberta nas noites de verão.

Quero a honestidade como motivo de orgulho.

Quero a vergonha, a solidariedade.

Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olho no olho.

Quero a esperança, a alegria.

Teto para todos, comida na mesa, saúde a mil.

Quero calar a boca de quem diz: " a nível de", enquanto pessoa.

Abaixo o "TER", viva o "SER"!

E viva o retorno da verdadeira vida, simples como uma gota de chuva, limpa como um céu de abril, leve como a brisa. E definitivamente comum, como eu. Adoro o meu mundo simples e comum. Vamos voltar a ser "gente"? Discordar do absurdo. Ter o amor, a solidariedade, a fraternidade como base A indignação diante da falta de ética, de moral, de respeito...

Construir sempre um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas.

Utopia? Não......hein?

Quem sabe?......se você e eu fizermos nossa parte e contaminarmos mais pessoas, e essas pessoas contaminarem mais pessoas..


(Sara Maria Binatti dos Anjos )

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Quanto vale a sua vida?

Peça para um publicitário descrever um botão de camisa. Você ficará deslumbrado com tantas funcionalidades que ele vai achar para o botão e vai até mudar o seu conceito sobre o pobre botãozinho.

Peça para uma pessoa apaixonada descrever a pessoa amada, aquela pessoa bem "feiazinha" que você conhece desde a infância e vai até pensar que ele está falando de outra pessoa. O apaixonado enche a descrição de delicadezas, doçura e gentilezas, transformando a fera em bela em instantes.

Peça para o poeta descrever o sol e a lua, e você vai se encantar pelos poderes apaixonantes da lua, pela beleza do sol que irradia seus raios como se fossem gotas do milagre divino no arrebalde da tarde quente onde o amor convida os apaixonados para viver a vida intensamente.
Peça para um economista falar da economia mundial e tome uma lição de números e mercados, bolsas e câmbios oscilantes, inflação e mercados emergentes, e se não sair de perto, vai acreditar que, em breve, teremos a maior recessão da história e que a China é o melhor lugar do mundo para se viver agora,

Peça para uma pessoa desanimada ou depressiva falar da vida, do sol, da lua, dos botões, das rosas e do amor para você ver.  Pegue um banquinho e um lenço e sente-se para chorar. É só reclamação, frustração, dores, misérias e desconfiança geral. Você sente a energia lhe contaminando, vai fazendo mal, vai lhe deixando sem forças, porque os desanimados, os reclamões e depressivos tem o poder vampiresco de sugar energias do bem e transformar em medo. E o medo paralisa as pessoas de tal forma que fica difícil até o mais simples pensar.

E você? Como é que você descreve a sua vida?
Quem é você para você mesmo?
Como seria um comercial da sua vida?
Como você venderia o produto "você"?
Você é barato, tem custo acessível ou é daquelas figuras caras,
daquelas que não tem tempo para perder com a tristeza e com o passado? Você tem 1001 utilidades? aliás, você vive em que século mesmo?
São os seus olhos que refletem  o que vai na sua alma, e o que vai na sua alma se reflete na qualidade de vida que você leva.
É o seu trabalho que representa o seu talento, ou não?
Por isso, não tem outro jeito, seja o melhor divulgador de você mesmo, valorize-se, esteja sempre pronto para dar o seu melhor, com seu melhor sorriso, com sua melhor roupa, com seu melhor sentimento, com suas melhores intenções, com sua gentileza sempre pronta para entrar em ação. Seja Omo, Brastemp, Lux de luxo, e se for chocolate, que seja logo Godiva, suíço e caro, porque gente especial igual a você não existe em nenhum mercado, e tem que valer sempre mais.
Valorize-se! não importa o que você faz, importa sim como você faz. isso sim, faz toda a diferença

(Paulo Roberto Gaefke)