quarta-feira, 2 de julho de 2008

Declaração de Amor às Mulheres

(único espécime 99% perfeito e vejam porque não 100%,totalmente).

Como não tenho religião, posso falar com tranqüilidade do mito de Adão e Eva. Reza a lenda que Eva foi criada a partir de uma costela de Adão. O que me permite concluir que Adão foi um "rafe" de Eva. Ou um "proof" em baixa resolução. Eva era a arte-final, o cromalin envernizado. Se uma memória restou das festinhas e reuniões de familiares da minha infância, foi a divisão sexual entre os convivas: mulheres de um lado, homens do outro. Não sei se hoje isso ainda ocorre.
Sou anti-social a ponto de não freqüentar qualquer evento com mais de 4 pessoas, o que não me credencia a emitir juízo. Mas era assim que a coisa rolava naqueles tempos. Tive uma infância feliz: sempre fui considerado esquisito, estranho e solitário, o que me permitia ficar quieto observando a paisagem. Bom, rapidinho verifiquei que o apartheid sexual ia muito alem das diferenças anatômicas. A fronteira era determinada pelos pontos de vista, atitude e prioridades.
Explico: no "corner" masculino imperava o embate das comparações e disputas. Meu carro é mais potente, minha TV é mais moderna, meu salário é maior, a vista do meu apartamento é melhor, o meu time é mais forte, eu dou 3 por noite e outras cascatas típicas da macheza latina.
Já no "corner" oposto, respirava-se outro ar. As opiniões eram quase sempre ligadas ao sentir, a realizações que transcendiam uma carteira recheada. Falava-se de sentimentos, frustrações e recalques com uma falta de cerimônia que me deliciava. Os maridos preferiam classificar aquele ti-ti-ti como fofoca. Discordo. Sempre fui contra esse negocio de falar mal de alguém na frente da pessoa. É constrangedor para quem fala e para quem ouve. É a suprema falta de cortesia. Deve-se ter o cuidado de somente falar mal quando o alvo dá as costas. Destas reminiscências infantis veio a minha total e irrestrita paixão pelas mulheres.
Constatem, é fácil. Enquanto o homem vem ao mundo completamente cru, freqüentando e levando bomba no bê-á-bá da vida, as mulheres já chegam na metade do segundo grau. Qualquer menina de 2 ou 3 anos já tem preocupações de ordem prática. Ela brinca de casinha e aprende a dar um pouco de ordem nas coisas. Ela pede uma bonequinha que chama de filha e da qual cuida, instintivamente, como qualquer mãe veterana. Ela fala em namoro mesmo sem ter uma idéia muito clara do que vem a ser isso. Em outras palavras, ela já chega sabendo. E o que não sabe, intui.
Já com os homens a historia é outra. Você já viu um menino dessa idade brincando de executivo? Já ouviu falar de algum moleque fingindo ir ao banco pagar as contas?
Já presenciou um bando de meninos fingindo estar preocupados com a entrega da declaração do Imposto de Renda? Não, nunca viram e nem verão. Porque o homem nasce, vive e morre uma existência juvenil. O que varia ao longo da vida é o preço dos brinquedos.
E aí reside a maior diferença: o que para as meninas é treino para a vida, para os meninos é fantasia, é competição. É fuga. Falo sem o menor pudor. Sou assim. Todo homem é assim.
Em relação ao relacionamento homem/mulher, sempre me considerei um privilegiado. Sempre consegui enxergar a beleza física feminina mesmo onde, segundo os critérios estéticos vigentes ela inexistia. Porque toda mulher é linda. Se não no todo, pelo menos em algum detalhe. É só saber olhar. Todas têm sua graça. E embora contaminado pela irreversível herança genética que me faz idolatrar os ícones de cafajestismo, sempre me apaixonei perdidamente por todas as incautas que se aproximaram de mim. Incautas não por serem ingênuas, mas por serem crentes. Porque toda mulher acredita firmemente na possibilidade do homem ideal. E esse é o seu único defeito.
(Texto de Sérgio Gonçalves)

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